O Tratamento do mal da alma
Falar de saúde mental é tratar, ainda, de um assunto pouco discutido e repleto de tabu. Bipolaridade, borderline, ansiedade, esquizofrenia, ansiedade, depressão: são muitos os transtornos que podem afetar e debilitar nossa mente. Os tratamentos dessas doenças podem variar, mas, em grande parte dos casos, o uso do medicamento é indispensável. No caso dos antidepressivos, de acordo com uma pesquisa feita pela seguradora de saúde SulAmérica, o consumo desses medicamentos teve um aumento de 74% no período de 2010 a 2016. Em seis anos, houve um salto de 35.453 unidades em 2010 para 61.859 em 2016. O estudo encontrou maior prevalência do uso desses remédios entre mulheres e pessoas a partir dos 50 anos.
A demanda pelos fármacos usados contra a ansiedade também avançou bastante: de 17.197 unidades para 36.179 no mesmo período, o que corresponde a um aumento de 110%. As medicações agem em áreas cerebrais específicas, que fazem com o que o paciente tenha um alívio do distúrbio. “Da mesma forma que uma pessoa que está com hipertensão precisa tomar o medicamento para estabilizar isso, o mesmo ocorre com o paciente com depressão”, explica a psicóloga Maristela Souza. Atualmente, os antidepressivos ocupam a segunda posição na lista de remédios mais vendidos contra desordens do sistema nervoso. O primeiro lugar pertence aos analgésicos e em terceiro lugar estão os ansiolíticos.
Publicado na renomada revista científica The Lancet, um outro estudo analisou a eficácia dos medicamentos. De acordo com cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, os antidepressivos realmente funcionam. “Esse estudo dá uma resposta final à longa controvérsia sobre antidepressivos funcionarem ou não para a depressão. Nós percebemos que os antidepressivos mais comumente prescritos funcionam para depressão moderada a severa. É uma notícia muito boa para pacientes e psiquiatras”, disse Andrea Cipriani, líder do estudo, à rede britânica BBC. Para chegar a essa conclusão, foram analisados 522 testes clínicos envolvendo tratamento de curto prazo de depressão em adultos, que totalizaram mais de 116.477 pacientes.
De acordo com os pesquisadores, todos os 21 antidepressivos avaliados reduziram significativamente os sintomas da doença. A qualidade dos medicamentos varia bastante e é importante ressaltar que só foram avaliados tratamentos de curto prazo, com oito semanas de duração. Portanto, os resultados podem não se aplicar ao uso em longo prazo. É importante ressaltar que esses resultados não significa que os antidepressivos devem ser a primeira opção de tratamento para a depressão. “Medicamentos devem ser sempre considerados em conjunto com outras opções, como tratamentos psicológicos”, explica Andrea Cipriani.
Medicalização da Vida
Apesar da necessidade dos medicamentos e dos seus benefícios para quem possui a depressão, é necessário também falar sobre como a nossa sociedade está se tornando, de uma maneira geral, extremamente dependente dessas medicações. A indústria das vitaminas, dos medicamentos fitoterápicos, dos medicamentos alopáticos e dos homeopáticos cresceu vertiginosamente no mundo inteiro. A indústria farmacêutica é a segunda em faturamento no mundo, perdendo apenas para a indústria bélica. Para a psicóloga Verônica Feitosa, as pessoas estão cada vez mais confundindo tristeza com depressão: “Tristeza é uma coisa saudável pela qual a gente precisa passar, vivenciar aquilo, fechar aquele ciclo para ir adiante, não podemos negar essa tristeza”.
Um estudo publicado no The Journal of Clinical Psychiatry revela que cerca de 69% das pessoas que usam antidepressivos não apresentam os sintomas de um episódio de depressão severa o suficiente que justifique o diagnóstico dessa medicação. Além disso, os antidepressivos também são receitados para outras doenças psiquiátricas. A mesma investigação concluiu que 38% dos pacientes usam esses medicamentos para o transtorno obsessivo-compulsivo, a ansiedade ou outras fobias, concluindo que o antidepressivo muitas vezes é receitado para pessoas que não apresentam os sintomas da depressão.
“Quando se vai a um velório hoje em dia, é comum ter pessoas distribuindo medicação, como, por exemplo, o Rivotril, para a pessoa ficar calma”, conta Verônica. Não é a toa que o Rivotril é um dos medicamentos mais vendidos do Brasil. A psicóloga conta que trabalhou durante oito anos em uma unidade do Programa Saúde da Família, os postos de saúde, e havia muitos usuários encaminhados pelos médicos com diagnóstico de depressão: “Eu começava a ouvir a pessoa e descobria que, por exemplo, havia apenas uma semana que a mãe dela tinha falecido, ou seja, ela estava vivendo um estado de luto, não era depressão”. Além do Rivotril, o mercado farmacêutico oferece muitos outros antidepressivos, como os Somalium, os Anafranil, os Dienpax e os Prozac, bastante comum nos anos 90 e 2000.
A eterna busca pela pílula da felicidade
A depressão, mesmo que nem sempre tivesse esse nome, é uma velha conhecida da humanidade e, junto a ela, houve diversos métodos de tratamento para combatê-la. No decorrer dos séculos, os médicos testaram quase tudo o que influenciava o cérebro de alguma forma. Na China antiga, o ópio já foi considerado um método de combate eficaz contra doenças do ânimo. Em meados do século XVII, os europeus sistematizaram o tratamento: o médico britânico Thomas Sydenham misturou o ópio com álcool, produzindo o láudano (do latim laudare = louvar). A droga deveria curar a angústia e a melancolia, porém, depois de algum tempo, percebeu-se o grande risco de vício e o método foi abandonado.
Fizeram o mesmo com o álcool isolado, mas o perigo era o mesmo. Em 1802, alguns médicos londrinos recomendavam a borgonha, um vinho branco ou brandy, contra a melancolia. Mas os resultados foram desastrosos também. Ainda no século 19, a cannabis e a cocaína chegaram a ser utilizadas em alguns consultórios médicos. No século 20, durante a década de 1950, as anfetaminas chegaram a ser usadas no tratamento, após o intenso uso durante a 2ª Guerra Mundial, quando eram utilizadas como estimulantes para o combate. Entretanto, logo se percebeu que eram geradoras de depressão em muitos pacientes e foram abandonadas para essa finalidade.
Em 1953, a notícia de que o medicamento utilizado para tuberculose, a Iproniazida, também tinha propriedades antidepressivas causou sensação. Não demorou muito para se descobrir que a droga possuía toxicidade para o fígado e logo seu uso também foi abandonado. No fim da década de 50, a indústria farmacêutica suíça Geigy fez pesquisas com uma substância chamada Imipramina e a lançou no mercado sob o nome comercial de ‘Trofanil’. Era a primeira droga da primeira geração de antidepressivos, chamados então de “tricíclicos”, por apresentarem estrutura orgânica com três anéis de carbono. O Trofanil ainda é utilizado, embora seja relativamente rico em efeitos colaterais como obstipação (ressecamento intestinal), aumento de peso e ressecamento de mucosas.
Na década de 80, a Fluoxetina foi lançada no mercado pelo laboratório Eli Lilly sob o nome comercial de ‘Prozac’. Graças a uma poderosa campanha de marketing pela companhia e seu avanço tecnológico, o medicamento caiu nas graças da cultura popular e ganhou a alcunha de “pílula da felicidade”. O Prozac é representante da nova geração de antidepressivos “confortáveis”, os chamados SSRIs, que atuam na sinapse dos neurônios, isto é, no ponto de comunicação entre eles, facilitando a troca de neurotransmissores, como a serotonina, noradrenalina e dopamina. São mais modernos, mas ainda não isentos de efeitos colaterais, como redução da libido, alterações digestivas, dores de cabeça, agitação, entre outros sintomas.
Para além da medicação
Apesar dos efeitos colaterais, a descoberta dos medicamentos para tratar a depressão e outros transtornos emocionais representou um avanço imenso na ciência. Quando se está no tratamento da depressão ou de qualquer outro transtorno mental é importante manter o uso do remédio e não retirá-lo bruscamente. “Às vezes, é preciso ir testando o nível de dosagem da medicação que mais se adequa ao paciente”, diz Maristela. Nas duas primeiras semanas é possível observar uma potencialização dos sintomas: “Algumas pessoas desistem de tomar o medicamento dentro dessas duas semanas por causa disso. No início, esses sintomas ficam mais agudos, mas depois se estabilizam”, explica ela.
É completamente normal que em alguns casos a pessoa precise tomar o medicamento para sempre. Em outros casos, só é necessário por certo tempo e depois ela faz o “desmame”. “Quem faz esse desmame é o psiquiatra que passou a medicação”, explica a psicóloga. É importante salientar que a conciliação dos medicamentos com terapias pode ser ainda mais benéfica para a pessoa que tenha algum transtorno emocional. Maristela explica que a medicação diminui os sintomas, mas ela não faz com que o paciente volte a ter uma vida normal: “Para fazer você superar um trauma que você enfrentou, por exemplo, é necessária a realização da terapia”, afirma.
Acupuntura
Heloísa aplica a acupuntura (Foto: Marina Varela)
Psicoterapia, yoga, acupuntura, exercícios físicos e a própria alimentação podem influenciar e ajudar uma pessoa que sofre com a depressão. Heloísa Medeiros é acupunturista há sete anos e diz que essa técnica possui um potencial imenso no tratamento de transtornos mentais. A acupuntura é uma modalidade terapêutica em que se utilizam agulhas, agindo por meio da modulação de neurotransmissores no organismo. Ela acredita que cada pessoa possui poços energéticos e canais, meridianos, que ligam esses poços. Esses poços precisam estar equilibrados de energia positiva e negativa, yin e yang. Quando há a desarmonia e o desequilíbrio energético, as doenças aparecem. “Quando as doenças aparecem para a gente em um campo físico, é porque várias outras desestruturações internas já ocorreram”, explica Heloísa, que diz que é nesse momento que ocorre a desestruturação energética, mental e física.
(Foto: Marina Varela)
Heloísa explica que a energia que está no universo é a mesma energia para todos os seres vivos. “Sabe quando você encontra uma pessoa que nunca viu na vida e pensa ‘não fui com a cara dessa pessoa, não senti um negócio legal’? Isso é energia. A gente possui um campo vibracional ao nosso redor e mesmo que a gente não se toque, nosso campo energético está se tocando”, explica ela.
A acupuntura, através de agulhas, aciona alguns pontos nos meridianos. Cada meridiano é interligado com algum órgão no corpo. Existe o meridiano do intestino delgado, da bexiga, do coração, entre outros, e cada órgão é responsável por algum sentimento. “O pulmão, por exemplo, é responsável pela tristeza. Uma pessoa que tem asma, pneumonia ou alguma outra patologia do pulmão, possivelmente é uma pessoa que guardou uma tristeza muito grande durante a vida”, conta Heloísa.
Os benefícios da acupuntura à saúde são comprovados cientificamente. Desde 1995 ela é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina Brasileiro. Apesar disso, Heloísa conta que as pessoas costumam procurar a acupuntura como último recurso de tratamento e quando a doença já está instalada há muito tempo. “A gente vive em uma sociedade muito curativa, que só procura tratamento e não procura prevenção”, resume ela. A acupuntura – assim como o reiki, a ioga, a hipnoterapia, entre outras – faz parte das terapias holísticas, que são qualquer tipo de terapia que siga o princípio do “holismo”. Ou seja: que aborda o problema a ser tratado como um todo e não com uma visão fragmentada. A abordagem holística acredita que os elementos físico, emocional, mental e espiritual de cada pessoa formam um sistema e tratam a pessoa em seu contexto, focando tanto na causa da doença como nos sintomas.
Reiki
Aplicação do Reiki (Foto: Marina Varela)
Menos conhecido que a acupuntura, o Reiki pode ter um potencial tão grande quanto a terapia das agulhas. Claudia Barbosa é mestra de reiki há 10 anos e diz que o nível de aprofundamento mental que essa terapia pode proporcionar é algo surpreendente. A prática do Reiki foi criada em 1922 pelo monge budista japonês Mikao Usui, fundamentando-se na crença quanto à existência da energia vital universal, simbolizada em japonês por “ki” e manipulável através das mãos. A técnica, além de proporcionar relaxamento do corpo, também pode promover a cura, baseando-se na ideia de que uma “energia da força vital” não conhecida flui através de nós.
Dessa forma, os adeptos do Reiki consideram que a energia vital possa ser canalizada através da imposição de mãos realizada sobre determinada pessoa. Em casos de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, Claudia explica que o Reiki faz com que as batidas cardíacas diminuam: “Você sente plenitude, paz e o corpo se equilibra. Porque quando a gente adoece, nosso corpo se desconecta e desequilibra”, explica ela. Não há qualquer contraindicação e, junto à meditação e à arte terapia, o Reiki passou a fazer parte dos procedimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A novidade foi incluída no Diário da União em janeiro de 2017 e começa a fazer parte da Tabela de Procedimentos do SUS na “categoria de promoção e prevenção em saúde”.
Hipnoterapia
Em 2018, a hipnoterapia foi incluída na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS). Outras nove atividades passaram a ser ofertadas neste ano pelo SUS e, somando todas, são 29 procedimentos ofertados à população, fazendo do Brasil o país líder na oferta dessa modalidade na atenção básica. Essas terapias são presentes em 9.350 estabelecimentos, distribuídos por 3.173 municípios. As evidências científicas têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e complementares.
Para entender como a hipnoterapia funciona, é preciso entender o que é hipnose: “É um estado natural e até mesmo fisiológico do ser humano. Todo mundo entra em transe no mínimo duas vezes por dia”, explica o hipnoterapeuta Water Veríssimo. Ele conta que toda e qualquer atenção excessiva em alguma coisa é uma espécie de transe. “Digamos que você precisa ir à padaria, mas seu pensamento está em outra coisa e você acaba passando direto da padaria. Nesse momento, você está em transe”, esclarece.
Water durante uma sessão de hipnoterapia com a cantora Nega do Babado (Fotos de Sérgio Ricardo)
A hipnoterapia se comunica diretamente com o subconsciente do paciente, reduzindo o senso crítico a fim de mudar e melhorar pensamentos, sentimentos e comportamentos de dentro para fora. Ao contrário do que sempre foi difundido em filmes e desenhos animados, na hipnose ninguém fica totalmente submetida e controlada contra a sua própria vontade: o paciente participa ativamente e tem total controle da situação. “O senso crítico é como se fosse um vigia do ser humano, ele é reduzido na hipnoterapia. Mas se, por exemplo, eu falar para você tirar a roupa numa sessão, isso não vai acontecer, porque seu senso crítico vai te impedir”, explica Water, que diz que esse é o senso de proteção que todos possuem.
Durante o transe, é trabalhada a ressignificação de traumas e conflitos. O hipnólogo descreve detalhadamente um local para o paciente e o leva a uma realidade virtual através do foco excessivo. Um caso que Water sempre conta em suas palestras é este: “Se eu falar para você que eu fui hoje pela manhã para a minha casa, abri a geladeira, peguei um limão, resolvi passar sal no limão, passei a faca em cima do limão e senti aquele negócio azedo. Muitas pessoas acabam salivando com isso, mesmo com os olhos abertos”. Ele explica que chama a atenção da pessoa e, através do foco excessivo no que ele está falando, consegue aquele efeito fisiológico. “A hipnoterapia trabalha com esse conceito. O cérebro muitas vezes não consegue diferenciar o que é real e o que é imaginário”, diz ele.
A mente humana é trabalhada de uma forma pela qual é possível canalizar a irritação, a ansiedade e o estresse, mas é importante salientar que ela não substitui o tratamento com o psicólogo ou psiquiatra. “A hipnose vai auxiliar e complementar esse tratamento”, explica Water. Não há um consenso de quantas sessões de terapia são necessárias para se observar uma melhora em uma pessoa que se submete à hipnoterapia. Isso pode variar de pessoa para pessoa. Water diz que a melhora já pode ser observada após apenas uma sessão, mas há pacientes que podem passar até dois anos.
Musicoterapia
Foto de Luciana Frias
Luciana Frias trabalha com a musicoterapia há 12 anos e, através dessa terapia, consegue unir saúde e arte. “Eu fiz o curso de Enfermagem e a Licenciatura em Música. Depois fiz a especialização em Musicoterapia”, conta ela. Resumidamente, essa técnica se utiliza da música num contexto clínico, educacional e social para prevenção e apoio a problemas de saúde. Luciana explica que a abordagem utiliza elementos como ritmo, melodia, harmonia, timbres, altura e intensidade e que “é diferente da educação musical, já que a musicoterapia está relacionada a questões cognitivas, emocionais, motoras e comportamentais”.
O público de alcance da terapia é amplo, todas as idades estão elegíveis para se beneficiar da técnica. O tratamento é feito a partir de uma avaliação realizada pela musicoterapeuta para que ela possa conhecer músicas que são de preferência do paciente, da família, quais a mãe escutou durante a gestação, se algum familiar ou o paciente possui conhecimento musical. Após isso, é utilizado instrumentos, sons e canções para verificar a reação do paciente a esses estímulos. É importante salientar que apenas um musicoterapeuta pode aplicar a terapia: “Parece óbvio, mas é preciso ter formação acadêmica em musicoterapia. Não basta ser músico ou psicólogo, ele tem que ser musicoterapeuta”, destaca Luciana.
Os primeiros cursos de musicoterapia chegaram ao Brasil em 1968, no Rio de Janeiro e no Paraná, e são cursos que existem até hoje. Além da depressão, a musicoterapia também pode ser usada para tratar outros distúrbios, como o Parkinson, Alzheimer, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA), redução da dor, entre outros. Luciana trabalhou na Fundação Altino Ventura e no Imip, onde implantou o projeto inicial da Musicoterapia. “Eu comecei lá no centro de reabilitação motora, atendendo crianças e adultos com sequelas neurológicas, pacientes amputados e os que estavam no pós operatório de Ortopedia. Depois eu fiquei no setor de Cuidados Paliativos e, por fim, no setor de Oncologia”, conta Luciana.
Yoga
Yoga (Foto: Marina Varela)
Derivado da palavra em sânscrito “yuj”, que significa “unir ou integrar”, yoga é um conjunto de conhecimentos de mais de cinco mil anos. Yoga é harmonizar o corpo com a mente e a respiração, através de técnicas de respiração (pranayamas), posturas de yoga (ásanas) e meditação. Dani Costa é instrutora de yoga há três anos e explica que cada postura praticada no yoga ativa áreas no cérebro que promovem o bem estar e fortalecimento físico e emocional de uma pessoa com quadro de depressão, ansiedade, síndrome do pânico e entre outros.
A yoga possui diversas linhas e a que Dani segue é a yoga integrativa, uma modalidade que mistura elementos de outras linhas e tem uma base terapêutica. “A yoga integrativa tenta trazer os desafios da realidade lá de fora para dentro do salão e reeduca o corpo para lidar com esses desafios”, explica ela.
Uma das escolas incluídas na yoga integrativa é a Tantra Yoga, que foi desenvolvida a partir das conexões energéticas femininas: “Essa conexão com o planeta é realizada com o útero, já que a mulher é o único ser humano que pode conceber”, explica Dani. Nessa aula, é trabalhado o corpo da mulher em conjunto com o útero, que é um órgão de construção e criatividade, de forma que possa promover uma cura e uma melhoria mais rápida para quem a pratica, aumentando inclusive a auto estima da mulher.
Entrevistei Dani Costa no Pura Luz, um centro de tratamentos especiais em terapias complementares. (Foto: Marina Varela)
⇒ Muitas tradições orientais são ressignificadas quando chegam ao Ocidente, e essas deturpações acabam se afastando da origem da tradição, como ocorreu com o Tantra. Em sânscrito, Tantra significa urdidura, a trama do tecido, trama de uma tapeçaria que se estende. Em sua origem o Tantra nada tem a ver com a sexualidade ou sexo. Representa a ideia de que todas as coisas no universo estão conectadas entre si através de uma espécie de fio invisível.
O Tantra tem como princípio o culto do feminino, da Grande Mãe, buscando a manifestação psíquica da força do feminino dentro de nós, que na Índia é simbolizado pela deusa Shakti. Esse movimento influenciou demasiadamente a religião, a ética, a arte e a literatura indianas. No Ocidente, o Tantra acabou sendo atrelado ao sexo. O Tantra indiano usa práticas de natureza sexual, mas elas são um dos seus múltiplos aspectos. Fazer sexo e ter prazer não são nem o objetivo, nem o principal instrumento do Tantra.
Paula Marques também é instrutora de Yoga e no vídeo abaixo ela explica um pouco como funciona essa prática e os benefícios dela:
Meditação
De acordo com João Vale, praticante de meditação há 13 anos, esta terapia é um exercício de percepção do mundo interno: “É quando conseguimos ver de onde criamos nossos padrões e nossos dispositivos mentais”, resume ele. Para João, a depressão e a ansiedade muitas vezes surgem a partir de visões muito estreitas de nós mesmos associadas a perspectivas limitadas que estão nos impondo ou que estamos acreditando.
“Quando meditamos, descobrimos o nosso valor interno, um lugar onde não somos cobrados e onde temos uma riqueza extraordinária de sensações e percepções”, avalia ele. Durante o exercício, para um praticante da meditação, é possível se sentir nutrido independente das relações de controle ou da verdade e externa. “Esse sentimento de nutrição é a chave para ultrapassar a ansiedade e a depressão”, conclui João.
Além de todas essas terapias, é importante também a prática de exercícios físicos, já que eles liberam no cérebro a endorfina, que proporcionam uma sensação de paz e de tranquilidade. A alimentação também é outro ponto relevante. De acordo com a nutricionista Maria Conceição, o triptofano é um aminoácido que é precursor da serotonina, um neurotransmissor importante. “Existem alguns estudos com a soja que mostram uma certa associação entre o seu consumo e uma maior proteção contra depressão, já que a soja é rica em triptofano”, esclarece a nutricionista.